Editorial

No meio de tudo isso, marketing

A cena do governador Eduardo Leite (PSDB) com cara de poucos amigos durante os anúncios do governo federal na terça-feira já dá o tom de que, de alguma maneira, a eleição de 2026 já começou. Não é segredo que o pelotense sonha com o Palácio do Planalto e, obviamente, Lula (PT) será seu grande adversário, pelas tendências atuais. O presidente, por sua vez, tem aproveitado para se aproximar dos gaúchos, onde não teve grande penetração no último pleito. Um segundo ponto é a definição de Paulo Pimenta (PT) como autoridade federal no Estado. Hoje, ele é o principal nome da esquerda de olho no Palácio Piratini pós-Leite.

É uma pena ver que nem mesmo durante o maior caos que nosso Estado já viveu a sede eleitoreira não descansa. Por aqui, no nível mais local e em ano eleitoral, se vê uma certa apaziguação política dentre as pessoas com cargo, muito pela maneira como tudo vem sendo conduzido, com base na ciência, e também pela certeza de que Paula Mascarenhas (PSDB) não será candidata, ou seja, não toma decisões de olho em outubro. No entanto, se vê batalhões de pré-candidatos a vereadores aparecendo um pouco mais do que o indicado e tentando capitalizar com isso. Há quem também aproveite a chance para minar adversários potenciais, às vezes com uso de mentiras. É vergonhoso, mas ao mesmo tempo é um pouco natural de um ano eleitoral.

Falando em aparecer um pouco mais que o indicado, o leitor deve ter notado que, diante do tipo de cenário que enfrentamos, a solidariedade se tornou quase que uma editoria fixa do Jornal. O que surpreende e até nos entristece é ver muitas pessoas - e aí não só políticos, mas também pseudo-influencers e até empresários - reclamando que “não aparecem no Jornal”. Sim, a pessoa, em meio a uma ação de suposta caridade, está preocupada com cobertura midiática. Ou seja, a benevolência da ação automaticamente se perde pela sede de aparecer, um dos grandes problemas dos tempos atuais.

É uma pena ver a tentativa de capitalizar, em quase todas as frentes, com uma tragédia coletiva tão grande. Qualquer pessoa que vê tragédia como oportunidade de crescer individualmente, automaticamente se encolhe diante do todo. É uma situação em que o bem coletivo precisa ser pensado e o ego deixado de lado. Quem não consegue, invariavelmente, falha como ser humano acima de tudo.​

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